Simpósio Temático 3:

Da escravidão ao pós-abolição: lutas, caminhos e vivências negras

 

Coordenadoras:

​

Mestranda Fernanda Lucas Santiago / Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) / flucasantiago@gmail.com / http://lattes.cnpq.br/7769469811615233

 

Doutoranda Pamela Beltramin Fabris / UFPR / CAPES / pamfabris9@gmail.com / http://lattes.cnpq.br/4319592592817508

 

Doutoranda Noemi Santos da Silva / UNICAMP / FAPESP / noemihist@gmail.com / http://lattes.cnpq.br/4925244165184788

 

Resumo:

Este simpósio temático terá por objetivo reunir trabalhos que versam sobre as experiências da população negra durante a escravidão e pós-abolição. Tendo em vista os 130 anos da abolição da escravidão e os 15 anos da lei 10.639/03, consideramos a pertinência dessa reunião de pesquisadores da temática visando a discussão dos avanços historiográficos e conexões entre as pesquisas com diferentes recortes espaço-temporais que tenham por propósito refletir sobre a experiência das populações de origem africana no Brasil. Assim, o simpósio tem a intenção de congregar pesquisas que abordem não apenas as questões relacionadas ao trabalho escravo e as estratégias de resistência, sobrevivência e libertação, mas também que contemplem o quadro pós-abolição. Nesse sentido, procuramos entender o pós-abolição como problema historiográfico que abarca de forma imbricada a temporalidade - processo de emancipação e construção da liberdade na longa duração - e as questões inter-relacionadas que permeiam a experiência negra, tais como a racialização, as estratégias de organização, sobrevivência, os significados da liberdade, conquista e expansão da cidadania e mobilidade social. No bojo dessas questões interessa o debate acerca dos associativismos negros, trajetórias de indivíduos e famílias, vínculos com irmandades, manifestações culturais e religiosas, militância operária, lutas anti-racistas e as problematizações em torno da interseccionalidade entre gênero, raça e classe, articulando com as discussões elaboradas no âmbito dos debates da diáspora africana. Com esses propósitos mantemos a expectativa de gerar contribuições aos debates que vêm sendo conduzidos pela historiografia em nível nacional conferindo espaço e visibilidade aos estudos que pensem o negro enquanto protagonista, no sentido de construção de uma história “vista de baixo”, oferecendo vias de expansão dos saberes para além do circuito acadêmico, pensando no cumprimento do Ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira.

 

Palavras-chave: Escravização, Pós-Abolição, Ensino de História, Protagonismo negro e Lei 10.639/03.

 

Referências:

ABREU, M.; DANTAS, C.; MATTOS, H. et al. (orgs) Histórias do pós abolição no mundo atlântico. Vol 1 e 2. Editora da UFF. Niterói, 2013. ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. O jogo da dissimulação. Abolição e cidadania negra n Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. ANDREWS, George Reid. Negros e brancos em São Paulo (1888-1988). Trad. Magda Lopes. Bauru-SP: Edusc, 1998. BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. BATALHA, Claudio H. M. “Cultura associativa no Rio de Janeiro da Primeira República”. In: BATALHA, C. H. M; SILVA, F. T; FORTES, A. (orgs). Culturas de classe: identidade e diversidade na formação do operariado. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2004. CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão da corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. ____________________. Machado de Assis, historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. ___________________; SILVA, Fernando T. da. “Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos 1980”. Cadernos AEL. Campinas, v.14, n.26, 2009. COOPER, Frederick, HOLT, Thomas. & SCOTT, Rebecca. Além da escravidão: investigação sobre raça, trabalho e cidadania em sociedades pós-emancipação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. DAVIS, D. O problema da escravidão na cultura ocidental. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. DOMINGUES, Petrônio. “Um desejo infinito de vencer”: o protagonismo negro no pós-abolição. Topoi: Rio de Janeiro, vol.12, n.23 July/Dec. 2011. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-101X2011000200118 FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Ática, 1978. GENOVESE, Eugene D. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. GOMES, Flávio; CUNHA, Olívia Maria Gomes (orgs). Quase cidadão: histórias e antropologias da pós-emancipação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. _____________; DOMINGUES, Petrônio (orgs). Experiências da Emancipação: biografias, instituições e movimentos sociais no pós-abolição (1890-1980). São Paulo: Selo Negro, 2011. LARA, Silvia Hunold. “Blowing in the Wind: E. P. Thompson e a experiência negra no Brasil”. Projeto História, São Paulo (12), out, 1995. ____________________. “Escravidão, cidadania e história do trabalho no Brasil”. In: Projeto História. São Paulo, (16), fev. 1998. ____________________e MENDONÇA, Joseli M. N. (orgs.), Direitos e justiças no Brasil: Ensaios de história social. Campinas, Editora da UNICAMP, 2006. KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000. LONER, Beatriz Ana. Construção de classe: operários de Pelotas e Rio Grande (1888-1930). Pelotas, Unitrabalho/EdUFPEL, 2001. LIMA, Henrique Espada. “Sob o domínio da precariedade: escravidão e os significados da liberdade de trabalho no século XIX”. In: Topoi. V. 6, jul-dez, 2005. MAC CORD, Marcelo. Artífices da cidadania: mutualismo, educação e trabalho no Recife oitocentista. Campinas – SP: Editora da Unicamp, 2012. _____________________; BATALHA, Claudio. (orgs). Organizar e proteger: trabalhadores, associações e mutualismo no Brasil (séculos XIX e XX). Campinas – SP: Editora da Unicamp, 2014. MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo. O plano e o pânico: os movimentos sociais na década da Abolição. 2ªed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010. __________________________________; CASTILHO, C. T. (orgs). Tornando-se livre: agentes históricos e lutas sociais no processo de abolição. São Paulo: Edusp, 2015. MATTOS, Hebbe Maria. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudoeste escravista. Brasil, século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995. ______________________. Escravidão e cidadania no Brasil monárquico. 2ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editora, 2004. MATTOS, Marcelo Badaró. Escravizados e livres: experiências comuns na formação da classe trabalhadora carioca. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2008. MENDONÇA, Joseli Maria Nunes Entre a mão e os anéis: a Lei dos Sexagenários e os caminhos da abolição no Brasil. 2ª edição. Campinas: Ed. Unicamp, 2008. ______________________. “Escravidão, africanos e afrodescendentes na “cidade mais europeia do Brasil”: identidade, memória e história pública”. In: Tempos Históricos. Vol 20. 1º sem/2016. NASCIMENTO, Álvaro P. “Trabalhadores negros e o ‘paradigma da ausência’: contribuições à história social do trabalho no Brasil”. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol.29, nº59, set-dez, 2016. RIOS, Ana Maria; MATTOS, Hebe M.; “O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas”. Topoi, v. 5, n.8, jan-jun, 2000. SCOTT, Rebecca J.& HÉBRARD, Jean M. Provas de Liberdade: uma odisseia atlântica na era da emancipação. Trad.: Vera Joscelyne. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2014. WISSENBACH, Maria Cristina Cortez. Sonhos africanos, vivências ladinas: escravos e forros em São Paulo (1850-1880). São Paulo: Editora Hucitec, 1998.